Num contexto global de fragilidade política em que mesmo as democracias neoliberais não são suficientemente representativas das sociedades humanas, a ideia de “governança urbana” surgida na Conferência das Nações Unidas – ECO 92, vinculada ao conceito de desenvolvimento urbano sustentável, desempenhou um papel importante na consciencialização sobre o direito à cidade, e, por conseguinte, a respeito da gestão cautelosa do território, da inclusão social e da participação pública. Esta comunicação pretende debruçar-se sobre a participação pública nos processos de gestão/ regeneração urbana e sobre as universidades públicas enquanto atores de mediação preferenciais nesses processos participativos. A metodologia utilizada baseou-se na análise crítica comparativa de estudos de caso sistematizados em bibliografia científica em contextos luso-brasileiros. Os resultados parecem comprovar que os processos de participação pública com mediação das universidades em contextos luso-brasileiros são mais comuns no Brasil do que em Portugal, e que incidem basicamente na “assistência técnica” a segmentos sociais de baixa renda, residentes em contextos urbanos de gênese ilegal. No entanto, o aporte técnico e de cidadania que esses processos de participação pública trouxeram a esses territórios “à margem” parece apontar um caminho para a construção coletiva das cidades, com participação ativa de toda a sociedade, usando como modelos de boas práticas as experiências em contextos urbanos fragilizados. As conclusões levam à premissa da mais valia da ampliação do papel mediador das universidades públicas, enquanto atores privilegiados dos processos participativos.
PALAVRAS-CHAVE: Governança urbana. Participação pública. Universidades Públicas.
Autores
Ano do texto: 2016
Citação ABNT
CAETANO, LUCINDA OLIVEIRA ; PARAIZO, RODRIGO CURY . Participação pública na gestão urbana: o papel das universidades. REVISTA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE CIDADES, v. 4, p. 119-132, 2016.